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Lugares e recursos digitais significativos: utilizando o inglês com playlists musicais on-line
QUAIS SÃO OS ANTECEDENTES?
Este relato descreve uma sequência de aulas de inglês que incentivaram a análise crítica da construção e debate sobre playlists musicais em dispositivos móveis conectados à Internet. Ao discutir os desafios de práticas com estes objetivos, Figueiredo (2000) comentou:
[...] acreditamos que o grande desafio da escola do futuro é o de criar comunidades ricas de contexto onde a aprendizagem individual e colectiva se constrói e onde os aprendentes assumem a responsabilidade, não só da construção do seu próprio saber, mas também da construção de espaços de pertença onde a aprendizagem colectiva tem lugar. (pp. 2-3).
Os pressupostos norteadores basearam-se na compreensão de que é fundamental o exercício da alteridade tanto por docentes quanto por discentes na avaliação em conjunto dos conteúdos educativos e a análise de seus contextos de produção e disseminação.
O QUE FOI REALIZADO?
A prática aconteceu nas ações da disciplina de língua inglesa, em um bimestre letivo do ano de 2020, compreendendo 18 aulas em 9 encontros. Os processos da proposta envolviam o planejamento, desenvolvimento de discussões, pesquisa individual, apresentações em grupo e momentos de avaliação.
Propôs-se a análise de playlists em inglês reproduzidas no dispositivo móvel que tivessem disponível. O requisito indicado para o trabalho era que cada música fosse justificada por estar na playlist por algum critério que o próprio aluno considerasse relevante. Como exemplo, mencionou-se a identificação com a mensagem da letra, o prazer pela melodia da canção, a forma de expressividade do cantor, os sons dos acompanhamentos instrumentais, a forma da linguagem utilizada, dentre outros. As justificativas não se refeririam à playlist como um todo, mas a cada música selecionada, permitindo a diversidade de sentimentos, de emoções, de concepções e de formas de apreciação.
COM QUEM SE REALIZOU A PRÁTICA?
Realizou-se esta atividade em duas turmas do Ensino Integrado (que articula no nível médio a educação profissional, científica e tecnológica) do Instituto Federal da Bahia – IFBA campus Valença, envolvendo a participação de 12 alunos, na faixa etária entre 15 a 18 anos, estudantes dos cursos de Aquicultura, Informática e Guia de Turismo Regional.
COMO A PRÁTICA FOI DESENVOLVIDA?
O professor apresentou no primeiro encontro aos alunos uma playlist de seu celular com 5 músicas em inglês. Após ouvir cada canção, discutiram-se expressividades culturais e o contexto em que estavam inseridas. Solicitou-se aos alunos que se manifestassem ao concordarem, discordarem, solicitarem esclarecimentos, exercerem o direito à nulidade e atentarem para a diversidade.
Após este momento, os alunos foram convidados a realizarem a mesma atividade nos próximos encontros. Indicaram-se alguns serviços de streaming de áudio na Internet. Uma sondagem com cada aluno, revelou que alguns não tinham este tipo de acesso. A estes, foram concedidos momentos extras nos laboratórios de informática do IFBA Valença.
Em todo o momento foi ressaltada a importância de sinalizar a possibilidade da reprodução legal dos conteúdos musicais. Estes registros apontavam, em grande medida, para o que se compreende por “acesso”, “direito” e “inclusão”, aspectos estes discutidos no dia da apresentação de cada trabalho.
Como avaliação, levou-se em conta o comprometimento da pesquisa e a apresentação do produto de forma significativa para si e para o grupo. Também foi solicitado que escrevessem um texto opinativo de uma lauda, descrevendo as vantagens, dificuldades e perspectivas desta prática de ensino.
ONDE SE REALIZOU?
O trabalho se iniciou com o planejamento antes do contato com as turmas para o desenvolvimento da prática, por considerar que o professor também é sujeito agente de mudanças através de revisões de suas concepções e práticas.
Foram muito importantes, em seguida, as dependências do IFBA campus Valença (as salas de aulas das turmas em questão, os laboratórios de informática, os pátios, a quadra, espaços com grama onde nos deitamos ou nos sentamos para escutar e debater sobre música).
Ainda pode-se mencionar cada lugar onde apreciaram-se canções para construção desta proposta (seja no ônibus onde regressava do Instituto para sua residência, em alguma fila de espera, caminhando, ou até mesmo, como foi relatado, na cama antes de dormir).
QUAIS OS RESULTADOS?
Enquanto docente, trago a motivação dos alunos em prosseguir com os processos de aprendizagem propostos e a importância em continuar repensando sobre a questão das dificuldades em acessibilidade digital (aquisição de dispositivos eletrônicos, conexão de rede fixa ou móvel, condições de custeio de serviços na Internet etc.).
E a partir dos depoimentos dos alunos, trazem-se como feedbacks desta prática a oportunidade de descontração, a aproximação do conhecimento prático de forma lúdica, benefícios pelo relaxamento ao se ouvir música e aprendizado de expressividade em inglês de maneira significativa.
QUAIS ASPECTOS POSITIVOS PODEM SER DESTACADOS?
O aspecto mais positivo a ser destacado neste relato de prática docente é a de que é possível estabelecer um espaço de boas oportunidades com recursos simples, atitudes respeitosas, esforços advindos da motivação coletiva, iniciativas despretensiosas e abertas à novidade.
FIGUEIREDO, A. D. de. (2002). Redes e educação: a surpreendente riqueza de um conceito. In: Conselho Nacional de Educação, Redes de Aprendizagem, Redes de Conhecimento, Conselho Nacional de Educação, Ministério da Educação. Lisboa: Ministério da Educação de Portugal. Disponível em: https://eden.dei.uc.pt/~adf/cne2002.pdf.
Wheliton Chiang Shung Moreira Ferreira (2020) Lugares e recursos digitais significativos: utilizando o inglês com playlists musicais on-line. En: Segundo Encuentro En Línea CHAT: Ciudadanía y mediación digital. Resumen de congreso. Recuperado de: https://elchat2.edusol.info/elchat/envio-de-comunicacion/lugares-e-recursos