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Reflexões sobre tecnologias digitais em educação para o desenvolvimento como liberdade
INTRODUÇÃO
A partir da concepção de que o uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC) em educação no contexto atual não pode ser compreendido de maneira polarizada, evitando equiparação direta entre os modos de desenvolvimento humano da velocidade com que evoluem as interconexões digitais, trazem-se à luz, no presente trabalho, as reflexões de Paulo Freire e Amartya Sem. Ambos discutem a indissociabilidade do ser humano em todos os seus meios de inter-relação, assim como apontam para o exercício da liberdade dos indivíduos. As instituições educacionais teriam o papel de apresentarem as tecnologias enquanto escolhas das pessoas sobre o que decidem se tornar. Um processo em que não se induziam as pessoas a se adequarem e moldarem segundo as tendências, regras, sentidos ou qualquer outro padrão daqueles que conceberam, dominaram e disseminaram os recursos tecnológicos.
Sen (2000) apresenta este quadro conceitual em que o desenvolvimento só pode ser medido através dos sentidos de liberdade que se podem encontrar nos membros da sociedade:
[...] o desenvolvimento pode ser visto, argumenta-se aqui, como um processo de expansão das liberdades reais de que desfrutam as pessoas. Enfocar a liberdade humana contrasta com concepções mais estreitas do desenvolvimento, como as que o identificam com o crescimento do produto nacional bruto ou com o aumento da renda pessoal, ou com a industrialização, ou com o avanço tecnológico, ou com a modernização social. Ver o desenvolvimento em termos da expansão das liberdades substantivas dirige a atenção para os fins que tornam o desenvolvimento importante, antes que meramente para os meios, que, inter alia, cumprem parte proeminente no processo (p. 3).
Na dimensão deste tema voltada à educação, Freire (2001) afirma que:
[...] os homens e as mulheres são seres programados para saber. Veja bem: programados, não determinados. E exatamente porque somos programados, somos capazes de nos pôr diante da programação e pensar sobre ela e indagar e até desviá-la. Isto é, somos capazes de interferir até na programação de que resultamos. Nesse sentido, a vocação humana é a de saber o mundo através da necessidade e do gosto de mudar o mundo (p. 213).
JUSTIFICATIVA
O conhecimento disseminado pelos contextos educacionais na atualidade também necessitam de um direcionamento do uso das tecnologias da informação e comunicação voltados para a oportunização das pessoas se constituirem enquanto sujeitos livres.
OBJETIVO
Discutir a possibilidade das instituições educacionais refletirem sobre o uso das TIC na perspectiva de que são meios (e não finalidades) de constituição dos sujeitos, de fato, livres.
DESENVOLVIMENTO
Esta abordagem tem ganhado espaço em muitos debates na atualidade. A exemplo, a UNESCO-BRASIL (2016) se posiciona:
Os avanços tecnológicos em comunicação e informação devem ser apropriados pela sociedade para facilitar a modernização da gestão do Estado, a participação nas decisões e a inclusão social.
Nesta perspectiva, Coll e Monereo (2010) corroboram:
[...] a incorporação das TIC na educação não transforma nem melhora automaticamente os processos educacionais, mas, em compensação, realmente modifica substancialmente o contexto no qual estes processos ocorrem e as relações entre seus atores e as tarefas e conteúdos de aprendizagem, abrindo, assim, o caminho para uma eventual transformação profunda desses processos, que ocorrerá, ou não, e que representará, ou não, uma melhora efetiva, sempre “em função dos usos concretos que se dê à tecnologia”. (p. 11 – grifo nosso).
Sen (2010) comenta o que se tem visto como resistência ao desenvolvimento como liberdade:
[...] é difícil resistir às forças do intercambio econômico e da divisão internacional do trabalho em um mundo competitivo impulsionado pela grande revolução tecnológica que confere à tecnologia moderna uma vantagem economicamente competitiva”. (p. 308)
CONCLUSÃO
Infere-se, a partir desta abordagem, que os contextos educacionais podem contribuir com posturas mais reflexivas na utilização das tecnologias digitais de informação e comunicação. Desta forma, promover-se-iam todas as formas de desenvolvimento através da oportunização aos sujeitos de fazerem suas escolhas quanto às finalidades de cada TIC.
PROPOSTA
Como proposta de aplicação deste debate na investigação acadêmica, indica-se a possibilidade de se fazer outra revisão bibliográfica das pesquisas em stricto sensu (dissertações e teses) no banco de dados na Internet “Plataforma Sucupira”, que tratam sobre o tema da utilização das tecnologias digitais pela educação voltados para o desenvolvimento como liberdade. Para tal, duas etapas demonstram-se fundamentais: 1- constituir uma lista de entradas vocabulares inter-relacionados a partir da ferramenta on-line “Pesquisa Tesauros Brasileiro da Educação”; 2- analisar as ocorrências de cada palavra apontada para se estabelecer os elementos de tendências à abordagem do tema no stricto sensu no Brasil.
COLL, C.; MONEREO, C. (2010). Educação e Aprendizagem no século XXI, Novas ferramentas, novos cenários, novas finalidades. In: COLL, C.; MONEREO, C. Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Porto Alegre: Artmed.
FREIRE, P. (2001). Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: Editora Unesp.
SEN, Amartya (2000). Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras.
________ (2010). Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras.
UNESCO-BRASIL (2016). Comunicação e Informação – Tecnologias para a Educação. Disponível em http//www.unesco.org.br/areas/ci/areastematicas/ticsparaeducacao/index_html/mostra_documento.
Wheliton Chiang Shung Moreira Ferreira,Lyrio, Luzinete B. (2020) Reflexões sobre tecnologias digitais em educação para o desenvolvimento como liberdade. En: Segundo Encuentro En Línea CHAT: Ciudadanía y mediación digital. Resumen de congreso. Recuperado de: https://elchat2.edusol.info/elchat/envio-de-comunicacion/reflexoes-sobre