Carla Fernanda de Lima

Inclusão tecnológica em uma universidade pública brasileira no contexto da COVID-19

Datos Generales
Políticas institucionales para el uso de la tecnología educativa
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Comunicación

 

Brunno Ewerton de Magalhães Lima[1]

Dinara das Graças Carvalho Costa 2

Monalisa Pontes Xavier 3

Carla Fernanda de Lima 4

Departamento de Psicologia, Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) 1

Mestra em Psicologia Social, Universidade Federal da Paraíba (UFPB) 2

Departamento de Psicologia, UFDPar 3

Departamento de Psicologia, UFDPar 4

 

 

INTRODUCCIÓN

No Brasil, o primeiro caso de contaminação pela SARS-CoV-2 (COVID-19) foi oficialmente confirmado em 26 de Fevereiro de 2020, na cidade de São Paulo, mais de um ano depois o país já contabilizou em torno de 11 milhões de casos e 265 mil óbitos, tendo uma das maiores taxas de contaminação e mortalidade do planeta (WHO, 2020). Por meio disso, o Ministério da Educação (MEC), seguindo as recomendações de distanciamento social da World Health Organization (WHO), suspende no ano de 2020 as atividades de ensino presencial, para ações educacionais remotas mediadas pelas tecnologias (WHO, 2020; Brasil, 2020).

Em vista disto, segundo levantamento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), cerca de 91% da população estudantil do mundo está sendo impactada pela pandemia na sua rotina educacional (UNESCO, 2020). Mediante exposto, a Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar), criou a comissão para organização de ações de enfrentamento a COVID-19: o Comitê Gestor de Crise (CGD).

Deste modo, a presente pesquisa objetivou compreender as políticas institucionais desenvolvidas visando a oferta do ensino remoto emergencial no contexto da COVID-19 no âmbito da UFDPar. Assim, o estudo investigou os processos de identificação pela instituição das demandas de acesso e utilização da comunidade acadêmica para uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).

 

MÉTODO

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Brasileiro (CEP) CAAE: 31196920.4.0000.5214 e desenhou-se uma pesquisa não experimental de caráter exploratório descritivo com uma amostragem não probabilística. A pesquisa contou com onze participantes em que foi utilizado o processo de coleta de dados bola de neve (também conhecida como Snowball) – que é uma técnica de pesquisa qualitativa não probabilística na qual um participante indica novos sujeitos (Baldin & Munhoz, 2011).

Os participantes do estudo responderam a um questionário sóciodemográfico para caracterização do perfil, sendo a amostra composta por dez docentes da UFDPar e um técnico da instituição; nove auto intitularam-se do gênero feminino e dois masculino. Deste modo, foi realizada uma entrevista semiestruturada composta por seis perguntas que versavam sobre a reorganização da instituição frente ao contexto de pandemia, o processo de identificação das demandas de acesso às TICs no contexto de pandemia por parte da instituição e o desenvolvimento dessas ações.

Apresentou-se os riscos e benefícios em participar do estudo, após concordância, apresentou-se o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o questionário sóciodemográfico e a entrevista semiestruturada, todas as ações foram feitas por meio online. A coleta de dados foi realizada via dispositivos de comunicação à distância, visto a necessidade de isolamento social no contexto de pandemia. A análise dos dados foi feita através da Análise interpretativa, que consiste em um tensionamento teórico das falas dos entrevistados para produzir interpretações possíveis sobre a realidade estudada a partir das falas dos entrevistados (Gibbs, 2009).

 

RESULTADOS

Os resultados obtidos agrupam-se em três eixos, a saber: Eixo 01: Dificuldades de inclusão as TICs; Eixo 02:  Formação para manuseio das tecnologías; e Eixo 03: Contexto da pandemia da COVID-19; por limitação de espaço optou-se por apresentar brevemente e de maneira geral. No Eixo 01 o participante 1 afirma que o CGD realizou junto à comunidade acadêmica pesquisas sobre acesso as TICs, perfil socioeconômico e situação emocional. Logo, utilizando os resultados para desenvolver o retorno de aulas na modalidade remota de ensino e pautar políticas de auxílio para estudantes de baixa renda, por meio de editais com bolsas de suporte para planos pré-pagos de dados móveis, como segue:

“Nós temos uma complexidade muito grande, porque nossos estudantes são estudantes pobres. Na sua maioria são estudantes que o acesso à tecnologia, à internet, é restrito, a maioria tem acesso à internet aqui mesmo na universidade. Então fica complicado a universidade, nesse primeiro momento, se adaptar a ter essas aulas não presenciais”.

P1 reconhece que tal dificuldade de acesso não é algo fácil de  resolver-se à curto prazo, por inúmeras vulnerabilidades econômicas de estudantes. Já no Eixo 02 transpareceu as limitações no âmbito da formação no uso das TICs, segundo pesquisa da CGD, junto aos docentes, como relata o P1: “Todo mundo está bastante convencido de que, apesar de toda a tecnologia, fazer alguma modalidade de ensino à distância. vai ser um gargalo para a universidade, não é tão simples essa adaptação”. Entretanto, nas entrevistas foi levantado que a universidade conta com projetos e ações de capacitação em relação ao manuseio das TICs com sentido educativo para a comunidade acadêmica.

Por fim, no Eixo 03 apresentaram-se questões emocionais relativas a insegurança da volta as aulas presenciais enquanto perdurar a pandemia de COVID-19 no país, como retrata o P1: “A universidade não tem um caminho ainda de forma a não manter essas aglomerações por enquanto. No momento só temos à esperar”.  Logo, os docentes entrevistados elucidaram que a falta do convivio e da dinâmica de sala de aula fazem falta, sendo o ambiente virtual muitas vezes pautado nas poucas interações – nada motivador.  Soma-se a isto um movimento por parte de discentes para volta de estágios profissionais presenciais, algo que para os docentes ouvidos, traz insegurança no momento em que o país tem níveis de infecção e mortes pela COVID-19 muito altos.

 

CONCLUSIÓN 

O presente estudo visou comprender como a UFDPar tem produzido ações de inclusão digital, considerando a emergência sanitária da COVID-19. A alta desigualdade social no país demandam investimento financeiro para políticas de incluso digital, no caso da UFPar estão sendo mantidas com a verba de custeio próprio da universidade, o que figura como um desafio na expansão para discentes.

Logo, conclui-se assim, que a instituição, mesmo diante dos desafios impostos, tem feito parcerias com outras instituições públicas brasileiras e internacionais. Contudo, perante as demandas e exclusões de ensino neste momento é importante que haja maiores estudos e trocas de conhecimentos para pautar políticas sólidas de educação e inclusão na pandemia da COVID-19. Portanto, espera-se que as ações realizadas pela universidade possam servir de modelo para outras instituições de ensino superior público no Brasil.

 

REFERENCIAS

Comitê de emergência do MEC define primeiras ações contra o coronavírus. Brasília : Distrito Federal.<http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/33381-notas-oficiais/86341-comite-de-emergencia-do-mec-define-primeiras-acoes-contra-o-coronavirus>

Snowball (bola de neve): uma técnica metodológica para pesquisa em educação ambiental comunitária. In Congresso Nacional de Educação (Vol. 10, pp. 329-341).

Análise de dados qualitativos: coleção pesquisa qualitativa. Bookman Editora.

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO. (2020a). Education: From disruption to recovery. Paris : França. <https://en.unesco.org/covid19/educationresponse>

World Health Organization - WHO. (2020). WHO Coronavirus Disease (COVID-19) Dashboard.  <https://covid19.who.int/>