Conectando e compartilhando cidadania digital no contexto brasileiro
Uma das consequências diretas da pandemia de COVID-19 foi a necessidade de ensino emergencial remoto mediado por tecnologias da informação e comunicação (TICs). Isso provocou um agravamento de desigualdades no campo educacional, na medida em que o acesso à Internet e/ou dispositivos se tornou pré-requisito para atividades escolares. Países nos quais historicamente há déficit em políticas públicas de fomento à inclusão digital foram os mais afetados por tal problemática (UNESCO, 2020) - grupo no qual se inclui o Brasil. No país, uma média de 28% dos domicílios não contam com acesso à Internet, taxa que aumenta para 50% em residências pertencentes a famílias de classes econômicas desfavorecidas - Contudo, 89% de crianças e adolescentes ainda acessam serviços através de plataformas digitais (Cetic.br, 2019). Esse contraste sinaliza uma autonomia por parte de populações em faixas etárias jovens quanto à convivência em ambientes digitais, potencialmente suscetíveis a riscos quanto à segurança, violência e saúde psicológica (Tono, 2017) e uma limitação do exercício de cidadania digital formal (através da participação escolar) e informal (através de interações em espaços públicos da Internet). A primeira edição do programa Cidadão Digital foi uma resposta possível às problemáticas citadas acima. A iniciativa foi idealizada pela parceria entre a ONG brasileira SaferNet Brasil e o conglomerado multinacional Facebook, tendo o objetivo de capacitar e mobilizar jovens para a condução de mediações educativas em prol da promoção de segurança digital, prevenção e enfrentamento a violência online, relacionamentos saudáveis nas redes, autocuidado, saúde emocional e educação midiática.